sexta-feira, 7 de maio de 2010


Sobre o desertor Manuel Alegre 

Aqui fica um contributo do chefe Abílio Augusto Pires, escrito já há uns anos, para a biografia do conhecido desertor.

"Alguns elementos sobre o Bando de Argel"
Natural de Águeda ou arredores, Manuel Alegre fez a sua vida académica em Coimbra. Descendente de uma classe “média-alta” fez a vida normal de estudante de Coimbra, um tanto boémia e, nesse sentido, um tanto tradicionalista. Cedo se virou para a política o que, no ambiente de Coimbra, também era tradicional. Militou na “organização local” do p.c.p. e estou à vontade para afirmá-lo porque fui eu próprio quem desmantelou essa organização. Dos seus elementos com alguma responsabilidade ficaram dois: Silva Marques, hoje deputado do P.S.D. que, embora fosse estagiário de advocacia em Aveiro, vivia já numa situação de semi-clandestinidade, e o Manuel Alegre. Mas ficaram por razões diferentes. O primeiro, Silva Marques, porque mergulhou na clandestinidade e viria depois a fixar-se na Itália, onde entrou em litígio com o “partido” do qual veio a ser expulso, após ter feito várias autocríticas que, de resto, conheci. Manuel Alegre também escapou mas porque estava a prestar serviço militar no R.I. 12 (Regimento de Infantaria nº12) situado precisamente em Coimbra e já mobilizado para Angola, como alferes miliciano. A PIDE foi sempre um pouco avessa à detenção de militares mas, neste caso, pesou mais o facto de estar mobilizado. É, pois, totalmente falsa a ideia de que desertou por ser perseguido pela PIDE que não o prendeu porque não quis fazê-lo. As razões íntimas que o levaram à deserção só ele poderia explicá-las se bem que se tornou evidente para quem alguma vez ouviu a “voz da liberdade” ao longo dos seus 12 anos de funcionamento.
E não venha dizer que não traiu. Fê-lo ao longo de 12 anos, não só pelas declarações que prestou como também pelas que obrigou a prestar. Trata-se de matéria conhecida mas que abordarei um pouco à frente.
Desertou e foi para Paris em 1962, estava a ser criada a FPLN (Frente patriótica de libertação nacional) que já se decidira iria funcionar em Argel, com o beneplácito do governo argelino e toda a sua protecção. Seria dirigida por Fernando Piteira Santos que fora funcionário do partido comunista português e expulso da organização uns dez (10) anos antes. Aliás, o governo argelino já autorizara também a instalação e funcionamento da rádio “voz da liberdade” da qual Manuel Alegre viria a ser o locutor até 25 de Abril de 1974. Assim, em meados de 1962, partiriam de Paris rumo a Argel Fernando Piteira Santos, sua companheira, Maria Stella Bicker Correia Ribeiro e Manuel Alegre. A FPLN cresceu rapidamente e tem que dizer-se que o seu principal indutor foi a rádio “voz da liberdade”. Tornou-se, assim, a breve trecho, num autêntico coio de traidores, grande parte deles desertores do Exército Português e também, ex-prisioneiros que, libertados pelo inimigo, eram para ali encaminhados e lá permaneciam em cativeiro pelo menos até se disporem a revelar perante os microfones tudo o que sabiam e não só: tinham igualmente que recitar “ipsis verbis” o discurso que lhes punham à frente. Só depois disso é que teriam hipótese de sair da Argélia. Esta atitude, que em qualquer país civilizado consubstanciaria a figura jurídica de “cárcere privado” era praticada pela FPLN com a cumplicidade do senhor Manuel Alegre: só que no Portugal democrático ninguém fala disso. Não seria trair?
E receber os chefes dos movimentos africanos que nos combatiam, ouvir e transmitir aí os seus dislates não seria trair?
E fornecer-lhes as informações que desertores e ex-prisioneiros de guerra eram forçados a prestar não seria trair?
Bom, se isto não era trair vamos a outro aspecto: - Enviar homens – elementos da FPLN – para Cuba a fim de serem instruídos na guerrilha urbana, também não era trair? E a FPLN (não só mas também) enviou para lá alguns que foram treinados numa base cujo nome não me recordo de momento mas sei que dista 17 quilómetros de Havana e foram treinados entre outros por Alvarez del Bayo, antigo coronel do Exército espanhol que se bateu contra Franco e foi um dos homens do DRIL ( Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) que organizou o assalto ao Santa Maria. E também me lembro que esses homens (da FPLN) foram treinados no fabrico e uso de explosivos e, ainda, a fazer guerrilha urbana com armas que eles próprios tinham que fabricar. E que aprenderam, por exemplo, a fabricar morteiros partindo de um simples cano retirado de um algeroz. Isto era bem mais do que trair. E para que dúvidas não restem, cito dois nomes: Eduardo Cruzeiro que foi jornalista do “República”, está vivo e tem um “bom tacho” na RTP, e Rui Cabeçadas que é ou foi advogado. E digo “é ou foi “ porque calculo que teria a minha idade, talvez um pouco mais, e não sei se é vivo ou já morreu. Chega? Não, não chega que eu tenho mais.
Sei que a vida na FPLN não era um “mar de rosas” para todos. Bem pelo contrário: as guerras entre essa organização e o p.c.p. era violentíssima. Chegou-se ao ponto de o p.c.p. ocupar a rádio pela força e a FPLN responder com um contra-golpe que consistiu em levantar os depósitos bancários do p.c.p., factos que obrigaram o governo argelino a intervir para pôr as coisas no lugar. E como nem o Dr. Pedro dos santos Soares, membro da cúpula do p.c.p. e adrede enviado para Argel conseguiu pacificar as hostes, este partido decidiu jogar a última cartada: nem mais nem menos do que Humberto Delgado. Estava no Brasil, sofria de doença grave e foi a Praga para se tratar. Foi aí que o p.c.p. o abordou e convenceu a ir para Argel. Foi-lhe dito que tudo o que se pretendia era unir a oposição e derrubar o “regime fascista” português. Ninguém se não ele poderia liderar essa união, preparar e comandar o golpe. Convencido do seu prestígio, acreditou e foi para a Argélia. Enganou-se, até porque nunca lhe passara pela cabeça que encontraria o que na realidade encontrou. Desconhecia que o p.c.p. jamais perdoaria a “traição” de Piteira Santos, que, embora marxista e reconhecido como tal, havia falado na PIDE. Mas havia outros problemas não menos graves: Humberto Delgado era um impulsivo e queria uma revolução imediata. O p.c.p., mais preparado politicamente, respondia que aprendera as lições da guerra civil de Espanha e da própria Guatemala. Era para eles evidente que “nenhuma revolução poderia triunfar sem que antes conseguisse o apoio das Forças Armadas”. Não embarcava em aventureirismos. Virou-se para a FPLN e a ela aderiu. Só que, logo que pôs o problema da revolução imediata, foi-lhe respondido que Lenine ensinava que “nenhuma revolução de massas poderia ser ganha sem que tivesse o apoio de uma parte do exército que houvesse servido o regime anterior”. Não percebera que uns e outros eram marxistas e sabiam que o comunismo não tinha a mínima hipótese de governar Portugal. O que interessava a todos era entregar a África Portuguesa à União Soviética. E isto significava para Delgado que “entre dois mundos ficara sem mundo”. Tentou, por sua vez, a última cartada: era amigo e um grande admirador de CHE GUEVARA que se transformara em mito de todos os revolucionários de todo o mundo. Pediu a sua ajuda e GUEVARA aceitou. Foi para Argel e por lá ficou uns tempos mas nada fez. Nem podia fazer: GUEVARA era agente do KGB soviético. E os interesses de Moscovo estavam muitíssimo à frente de Humberto Delgado, que ficou só. Sem dinheiro, sem saúde e sem apoios ameaçou entregar-se às Autoridades Portuguesas. Foi o seu fim. Não sei como nem em que circunstâncias. Tudo o que sei – e já o disse várias vezes – é que essa história continua mal contada. Quem sabe se o senhor Manuel Alegre não poderia levantar uma pontinha do véu?..."





"Conheço este problema pessoalmente. Estava em Luanda, quando Alegre se pirou. Mais tarde, quando entrei prá “guerra” o meu Batalhão foi colocado em Nóqui, lá em cima, encostado ao Zaire, junto à fronteira com Matadi.
Nessa região ouvia-se através dos famosos rádios portáteis Hitachi, com uma boa onda média, a voz de Matadi e a voz da Argélia, emissores criados por desertores que, através de infiltrados nas forças armadas, denunciavam as n/operações. Muitas das emboscadas que sofremos resultaram da traição desses “grandes filhos da P*** “.
Uma das vozes que se ouvia era a desse pulha, Pateta Alegre. Lembro-me que 48 horas após se ter instalado um posto de observação, um grupo de combate, um canhão, um radar no cimo do morro de Noqui, donde nós observávamos toda a movimentação de aproximadamente, 2.000 “turras” concentrados numa sanzala no outro lado da fronteira, ouviu-se a voz do Alegre a denunciar a nossa posição.
Andámos a levar porrada na estrada entre S.Salvador e Nóqui durante mais de 4 meses.
Numa das viagens sofremos 9 ataques. Um dia, em Nóqui, junto ao Rio, onde se situava o nosso aquartelamento, o então Tenente-Coronel Isaltino, mandou tocar a formar. Formou-se o Batalhão e o corneteiro tocou a sentido, fez-se silêncio chegou o Tem.Coronel e disse: o furriel Marta (mulato) dê um passo em frente. O sacana era o informador. Fazia-o através dum preto que era vendedor das célebres colchas congolesas, em Nóqui.
Nesta guerra a Pide teve um papel muito importante. Informávamo-nos dos movimentos desses traidores. Bem…. não sei se estás a ver… o cabrão não foi linchado porque
foi imediatamente evacuado para Luanda. Cerca de 2 anos depois, estava eu ainda na guerra ouvi a voz deste traidor nas rádio Maatadí.
Tinha fugido das cadeias de Luanda. Sofri no corpo os efeitos da atitude desses traidores.

Paulo Chamorra"

domingo, 18 de abril de 2010


Conheci-o em Fevereiro de 1992. Eugene Terre'Blanche era o «garante» musculado da manutenção das terras na posse dos Boers, numa África do Sul em mudança radical com desfecho imprevisível.
Mandela tinha saído da prisão, todos os dias havia violência no Soweto e os brancos tentavam uma coexistência pós-Apartheid, em regime de «damage control». O ambiente era assustador. Coexistia a euforia multi-negra, a prudência de Nelson Mandela e de Frederik de Klerk, um pequeno grupo anglófilo e a turma AWB dos africânder, toda vestida de caqui, liderada por um homem irredutível, Eugene Terre'Blanche.
Há quase três semanas que tentava falar com ele. Todos os dias a agenda era alterada por razões de segurança. Terre'Blanche tinha a cabeça a prémio. Era o general do povo herdeiro dos primeiros Boers que, no século XVI, encontrara na África do Sul a terra prometida para fugir às perseguições religiosas que infligiam violentamente os Países Baixos.
Por fim, veio a resposta. «Amanhã à noite em Upington. Haverá um comício. Mr Terre'Blanche estará presente». No mapa, esta terra ficava longíssimo, junto à Namíbia, num deserto onde as margens do rio concedem algum verde às explorações agrícolas de uma forte comunidade Boer. Lá cheguei, no único vôo, da única avioneta que me levou ao único carro da Avis do único stand de aluguer da pequena pista.
O comício era num pavilhão no meio do campo, cheio de boers que entoavam hinos religiosos, em Africânder. Com a noite, caira também uma trovoada tremenda com trovões próximos que rivalizavam com aquele côro semi-guerreiro. O climax deu-se com a entrada do líder. Acho que nunca vi nada assim. A sobrevivência, a imprevisibilidade, a violência, a certeza do ódio ao branco, e ao preto, a religião, o apego à terra e a possibilidade de a perder, o líder - uniam aquela multidão numa só voz.
De repente, a tempestade faz apagar as luzes. Um dos homens, incauto, aponta a laterna para o palco iluminando o alvo «a abater». Já o líder estava rodeado por um escudo de homens vestidos de preto, com boinas cor-de-vinho, para o protegerem daquilo que parecia ser um atentado. O homem da lanterna foi neutralizado no chão e as músicas voltaram ainda com mais força, agora às escuras. Não quero impressionar ninguém - já acho um bocadinho vedética a fotografia do post - mas a verdade é que o momento foi aterrador. O barracão podia estar cercado e os homens de caqui estavam todos armados. A falta de luz e a confusão da trovoada propiciariam a desordem, em caso de ataque. A reportagem estava assegurada. Eu não.
Nada aconteceu. A luz voltou, o homem da lanterna foi salvo, ouviu-se uma hora de discurso em africânder e jantei com Terre'Blanche alguma coisa intragável.
Era um homem normalíssimo no trato. Voz grossa, conversador, garantia que aquela terra era mais boer do que branca ou preta. Dizia que tinha muitos amigos na comunidade de emigrantes portuguesa e que dispunha de um exército preparado para defender o que era dos seus. Convidou-me para tomar o pequeno-almoço, no dia seguinte, na casa de uma Família africânder onde me mostraria uma cassete com os treinos dessa tropa.
Lá fui. Eugene Terre'Blanche era tratado como um príncipe africano pelos donos da casa. Dava ordens e recebia mordomias. O gosto era recíproco. No vídeo, viam-me mulheres a serem treinadas para a defesa pessoal e das suas casas; homens a cavalo, para o ataque a multidões; rapazes com instrução militar rigorosa, como só vi em Israel.
Acho que ainda tenho essa cassete. Ela nunca foi «usada» no terreno. Como dizia alguém, ontem na BBC, «Terre-Blanche era um embaraço mais do que uma ameaça para a democracia sul-africana». Ironicamente, esta morte violenta, depois de todas as batalhas prometidas e preparadas, poderá ser o «play» do vídeo de Fevereiro de 92.

quinta-feira, 8 de abril de 2010


O que é a identidade dos povos?

Por Juan Carlos Arroyo Gonzaléz (artigo publicado no Boletim nº4, 1997)

Sem dúvida alguma, a questão da Identidade Cultural é um dos temas pendentes deste fim de século, e uma das ideias centrais sobre as quais girará o debate político e intelectual do próximo milénio.Não é de forma alguma uma questão colocada pela primeira vez na nossa época, mas constituiu, indubitavelmente, um fenómeno constatado ao longo da História. Todos os povos conheceram uma fase de expansão cultural, de difusão dos seus modos de vida e valores, e todos os povos pretenderam, em todo o momento, manter as suas particularidades, as suas formas, o seu conteúdo vital e cultural como garantia de sobrevivência na História, uma questão similar, e não excluída, de um processo de simbiose com outros textos culturais.

Mas o que diferencia esses momentos históricos do presente é a dimensão que toma o problema cultural nas nossas sociedades. Uma dimensão que não se limita a continentes e lugares determinados, toma cariz mundial, global.

A questão da Identidade coloca-se quando entram em contacto, pacífico ou violento, grupos de seres humanos de distintas origens étnicas e culturais, e que sentiram necessidade de se deslocar procurando novas terras, melhores climas, em suma, melhores condições de vida.

A diferença reside na questão de que a emigração ou imigração dos Povos tornou-se numa “questão política” e que ao estar submetida aos interesses ideológicos e económicos, perde, na sua análise, toda a objectividade, enchendo-se de subjectividade e parcialidade.

Isto foi precisamente o que aconteceu com o fenómeno da imigração no que diz respeito à Europa, visto que do seu tratamento informativo nos meios de comunicação resultou um dramatismo sensacionalista em detrimento das causas e problemáticas de fundo da questão da imigração.

A identidade é, por definição, a qualidade do idêntico, mas num mundo em constante evolução, onde a realidade tende para uma constante diversificação, o “idêntico” pode resultar num conceito equívoco e ter-se-ia que falar de afinidades e não de igualdades.

A análise da questão da Identidade está ligada a duas questões culturais e sociais bastante actuais.

Em primeiro lugar a globalização e a estandardização do padrão cultural ocidental, o que se entende, hoje em dia, por ocidental, conduziu a uma atitude de repulsa por parte de outros povos perante o temor de ver uma tradição secular absorvida por valores radicalmente distintos aos seus e cujo resultado consistirá na sua maior ou menor capacidade de resposta. É evidente que o perigo de desaparecimento de culturas praticamente “simbólicas” (o caso das tribos Amazónicas e o Orinoco por exemplo) é extremamente maior que o de enclaves culturais “dissidentes” e de grande força ideológica como é o Islão.

Em segundo lugar, os fenómenos migratórios que ocorreram nas últimas décadas, migrações realizadas de países em vias de desenvolvimento (subdesenvolvidos melhor dizendo) para os países industrializados do norte, que puseram sobre a mesa o problema, aparte do da pobreza e da fome, das características culturais, nacionais, étnicas, etc., tanto das populações emigradas como das autóctones.

Esta situação despertou um debate social e intelectual no seio da sociedade europeia que vai desde o planeamento da assimilação igualitária dos imigrantes, a posições que põem a questão da viabilidade da sociedade multicultural e os perigos da dissolução das identidades culturais que esta pode trazer.

Ambas as manifestações deram lugar a posições radicais entre os partidos, um cosmopolitismo nivelador que sustêm tanto uma aberta defesa da mestiçagem (cultural e étnica) como uma atitude xenófoba de alguns sectores que defendem, mediante a violência, a exclusão social dos imigrantes. Sem dúvida, a integração não é uma questão que afecte exclusivamente, quanto aos seus resultados finais, a população autóctone, mas implica igualmente a população recém chegada. Sem ir mais longe, o caso dos imigrantes norte africanos em França é um exemplo; a sua oposição à ideia de assimilação cultural contrária ao manter das suas tradições (como a conhecida polémica sobre o véu das raparigas muçulmanas nas escolas), desembocou, inclusive, em abertas críticas a associações anti-racismo.

Uma sociedade em crise

O debate sobre a xenofobia e a xenofilia esconde uma realidade mais profunda que radica na desagregação social em que vivem as sociedades humanas neste fim de milénio. Sem dúvida a perda de referências culturais claras, valores tradicionais, a situação da passagem de um comunitarismo social para a ideia de uma sociedade de massas anónima, a propagação do “modo de vida” norte-americano, constituem os pontos essenciais que definem o momento actual numa perspectiva social e cultural.

O individualismo que vigora na sociedade ocidental desde a Revolução Francesa, a primazia da técnica como garantia de bem-estar social, o consumismo como único estímulo social, o poder das elites económicas e políticas, são as questões chave para entender as mudanças sociais que ocorreram nas últimas décadas, mudanças que incidiram numa queda das estruturas vigentes nas sociedades, onde as relações interpessoais se realizam de uma forma puramente contratual. A desorientação das massas, alienadas do seu passado e carentes de um futuro certo, criaram situações de violência social das quais foram, em parte, vitimas, os imigrantes.

Falando claramente, ter-se-ia que dizer que o fenómeno da imigração foi o acontecimento que mostrou ao “Ocidente” a sua própria decadência enquanto civilização e como guia do mundo, se me permitem utilizar a terminologia de Spengler. O que hoje conhecemos como civilização ocidental não tem absolutamente nada a ver com as suas origens: aquela extraordinária, fértil e tolerante cultura pagã de gregos, romanos e celtas. O Ocidente é, na realidade, o resultado final da sobrevivência do pensamento ilustrado, daquele racionalismo totalitário que pretendia ser universal, do mito do progresso ilimitado.

A vista do “outro”, fez com que nos déssemos conta do autêntico “desarme cultural” em que vive a Europa. A perda de Identidade, não pela vinda de pessoas de outros países, mas sim pelo esquecimento de uma Tradição própria. A comparação entre culturas, com vista a definir a nossa própria diferenciação, não resistiu à prova.

O regresso às origens

Antes de tudo, a Identidade colectiva não pode ser definida em termos de exclusão ou marginalização do outro, senão num reencontro uno. De igual maneira não pode ser entendida como algo imutável, invariável, que resiste a todas mudanças, mas sim como um conteúdo vivo que se renova constantemente, aceitando e enriquecendo-se com o ambiente, mas mantendo a peculiaridade. É uma circunstância certamente histórica que se evidência no contacto entre os Povos e no perdurar da sua idiossincrasia.

Assim a Identidade viveria marcada pela existência de uma instabilidade e equilíbrio entre um factor de permanência e um factor de câmbio, factores que, mais que divergir em direcções opostas, supõem pressupostos necessários ao prevalecer das realidades culturais dos povos.

Com efeito, toda a mudança cultural não significaria ou não deveria significar a perda de uma Tradição original como conjunto de costumes, leis, ou visões do mundo, mas sim uma adequação de uma maneira de ser a um determinado momento histórico. É através dele que este conceito de Identidade englobaria estabilidade e dinamismo alternadamente. Todo o processo de câmbio parte do mesmo núcleo de toda a cultura como um reflexo adaptativo.

Prender-se, portanto, à “originalidade” de uma realidade cultural, supõem conduzi-la a um beco sem saída. O contrário é dizer, a necessidade de procurar “fora” o estímulo, um guia, que torne possível o câmbio cultural, pode muito bem significar a destruição da Identidade própria. É este o dilema que as culturas minoritárias, “atrasadas”, enfrentam e, de forma diferente, as culturas “civilizadas”, complexadas por um passado de colonialismo imperial.

O regresso às origens supõe, portanto, um processo de apreensão e transmissão constante de conteúdos de vivência que fazem com que um povo, nação ou etnia se definam como uma Identidade diferenciada. E este retorno às raízes apresenta-se tanto mais forte, como quanto se quer revalorizar ou recuperar essa Identidade.

É por isso que o próximo milénio aparece marcado pelo desejo do homem de procurar a sua Identidade. Agora que aldeia global ameaça converter-nos a todos em escravos das multinacionais; que os meios de (des)informação pretendem convencer-nos de que somos consumidores globais idênticos; quando querem apresentar-nos como sociedade ideal ao que não é mais que o agregado massificado de indivíduos dominados por interesses individualistas, agora, digo, é necessário que chegue a hora dos Povos.

http://www.causanacional.net/index.php?itemid=96

segunda-feira, 29 de março de 2010

De todas as nações e naçõezinhas da Áustria, só três foram portadoras de progresso e tiveram uma intervenção activa na história, mantendo a sua vitalidade: os alemães, os polacos e os magiares. Por isso são agora revolucionárias. Todas as outras tribos e todos os outros povos, grandes e pequenos, têm de imediato a missão de perecer na tempestade revolucionária mundial. Por isso são agora contra-revolucionários», escreveu Engels na Neue Rheinische Zeitung em 1849.








Este artigo, publicado em 1849 na Neue Rheinische Zeitung, procede a uma curiosa apologia dos interesses nacionais de certos povos escolhidos. «Será porventura alguma desgraça que tenham tomado a magnífica Califórnia a esses mandriões mexicanos, que não souberam fazer nada com ela? Que os enérgicos yankees multipliquem os meios de circulação graças à rápida exploração das minas de ouro ali existentes, concentrem em poucos anos uma população densa e um amplo comércio nas partes mais adequadas da costa do Pacífico, criem grandes cidades, inaugurem serviços de navios a vapor, construam uma via férrea de Nova Iorque até São Francisco, abrindo à civilização o Oceano Pacífico, e pela terceira vez na história dêem uma nova direcção ao comércio mundial? Talvez com isto fique prejudicada a “independência” de alguns californianos e texanos de origem espanhola e sejam violados aqui ou ali outros postulados morais, mas que peso tem isso em comparação com tais factos de transcendência histórica mundial?




Em 1865, depois de ter lido algures que os russos seriam de origem mongol, Marx escreveu numa carta para Engels: «Eles não são eslavos, em suma, não pertencem à raça indo-germânica, são intrusos que é necessário repelir para além do Dniepre!».

terça-feira, 9 de março de 2010


Rotterdam Mayor Ahmed Aboutaleb admits that unauthorized things took place in the polling stations in his city.


Aboutaleb [finally] admits that it has been proven that in at least 13 polling stations voters were influenced to vote for a certain party. Sometimes even by parties present there. Possibly even by the staff present there.


In a number of polling stations people huddled together in a voting booth. In a significant number of cases this was done under the eye of the polling staff, who did not interfere. In some cases it was tolerated.


There are cases which go beyond imagination. In a number of cases witnesses speak in particular about the elderly — including indigenous people — where intimidated even into the voting booth to vote for a “certain” (read: PvdA, Socialists, Labour) party.


In some cases people came into the polling stations with a letter especially for those who do not speak the Dutch language, which contained instructions on which party to vote for (PvdA) and even which candidate.


Blank proxies [voting mandates] were accepted. On the spot proxies were recruited. Proxies were even written out on the spot. In not a few cases even by the polling staff themselves. People were allowed to vote who could not identify themselves.


In order to keep the peace and not to escalate the very aggressive tense atmosphere, in many polling stations it was decided to let immigrant voters (read: Muslims) just go their way. And you may translate that into PvdA votes.


There are reports that access to polling stations was made impossible for indigenous people. Many of them had to divert to other polling stations. Many of them also encountered similar scenes elsewhere. Some of them gave up courage and went home without voting.


In at least three instances, polling staff had been replaced [following complaints] because they did not want, or dare, or were powerless, to intervene and to act against the practices of immigrant (read: Muslim) “voters” and recruiters.
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In one case the chairman of a polling station was forced to leave his duties because he refused to act against certain abuses. He had to make way, along with other employees, for a fresh team of employees and a chairman.


In many polling stations help had to be called in from the government to ensure orderly voting. In some cases, city guards and/or supervisors proved to be even worse than the disease.


Completed voting ballots seem to have disappeared. This might possibly concern a few hundred to several thousand votes. There were reportedly two ballot boxes found empty. Nobody knows what happened to the filled-out voting forms that were in there. [And those were mainly from the more indigenous neighborhoods.]


And this is just an abbreviated list of a few facts which have come to light. People talk about “African circumstances” [or “Harare on the Maas” (the Meuse)].


The PvdA doesn’t want to know any of it. Even the mayor, Ahmed Aboutaleb (PvdA) sticks his head in the sand. The results of the elections, However unreliable they are, have turned out well for his party.


The difference between the PvdA and Livable Rotterdam [Leefbaar Rotterdam, the party Pim Fortuyn founded in 2002] would not be more than about 650 votes [to the benefit of the PvdA]. An unacceptably small difference. Certainly if we take into account all of the abuses and illegal acts, this calls for a recount and other drastic measures.


That does not seem likely to happen though. Not in the least because Mayor Ahmed Aboutaleb does not wish to give his cooperation to this. Yesterday morning he officially declared the [fraudulent] outcome to be final.


Marco Pastors of Livable Rotterdam has appealed against the outcome on 53 points, and also against the final determination. On March 16 the city council will study this. A city council dominated by the PvdA. On the face of it, this does not provide any basis for trust.


How this will turn out only time will tell. Will the PvdA accept this shadow of “stolen elections”? Probably they will, because with this they can deal a hard blow to Livable Rotterdam, whom even before the elections they had excluded from participation in a coalition.


Marco Pastors now has linked his fate to the outcome. Another four years of opposition is too much for him, he said his statement. If this is the outcome Pastors, who has meant an incredible amount to Rotterdam, will be packing it in.


Something that the PvdA Rotterdam will look forward to with joy. The mere departure of Pastors and the potentially very negative consequences for Livable Rotterdam would be reason enough for the PvdA, and thus Aboutaleb, to maintain the “results”.


These are conditions that would not be unbecoming in many dictatorships and banana republics. In every way the event is a disgrace to democracy, which certainly, whatever the final outcome might be, has been severely damaged. Not to mention the sense of injustice among indigenous voters.


Something is Rotten in Rotterdam

by Baron Bodissey
Our Flemish correspondent VH has compiled a report about massive voting fraud during the recent municipal elections in Rotterdam, mainly in immigrant neighborhoods. His account reminds me of what happened in Philadelphia in November 2008, when armed New Black Panther auxiliaries at the polling stations made certain that white voters understood who was in charge of Philly.

VH includes this explanatory note:

What happened in Rotterdam is something for others in Europe to be aware of at their next local or national elections. An official from Leefbaar Rotterdam visited polling stations in immigrant neighborhoods early in the morning, to see whether the voting process went neatly and according to law, but he was shocked at what he encountered, at almost any polling station he went to visit. Many complaints and witness reports followed later that day (when the outcome was still fully unknown). This happened previously in Rotterdam and Amsterdam in 2006, and also occurred in other cities last week. But it seems the worst cases were of fraud and intimidation were in Rotterdam.

Rotterdam vote fraudIn the Netherlands, immigrants without a Dutch passport and/or knowledge of Dutch language are allowed to vote in municipal elections.

The photo at right was taken at one of those polling stations, showing people together in a voting booth telling someone who to vote for.

http://gatesofvienna.blogspot.com/2010/03/something-is-rotten-in-rotterdam.html#readfurther

domingo, 7 de março de 2010


TRABALHISTAS GANHAM NA CAPITAL HOLANDESA À CUSTA DOS VOTOS ALIENÍGENAS - MAS ISSO TEM UM PREÇO PARA OS POLÍTICOS TRABALHISTAS INDÍGENAS...

Nas recentes eleições locais holandesas, o partido do governo, PvdA, social-democrata, esquerda liberal, muito ganhou com os votos dos imigrantes, em particular dos marroquinos. Só que... vários políticos brancos indígenas do PvdA estão a perder os seus lugares nos conselhos locais porque os eleitores imigrantes preferem, naturalmente, políticos igualmente imigrantes...

Assim, os candidatos trabalhistas de origem turca e marroquina desalojaram dos poleiros vários colegas partidários de origem genuinamente holandesa.

O sucedido foi um verdadeiro tremor de terra no PvdA. Na cidade de Enschede, por exemplo, dos nove assentos ganhos pelos social-democratas, quatro pertencem a militantes de origem imigrante, que até estavam bem em baixo na lista do partido, mas que graças aos votos dos imigrantes subiram ao poder.

Em Helmond, o caso foi ainda mais penoso para os políticos social-democratas indígenas: dos seis eleitos, só um é holandês...

Disse Andre Boersma, conselheiro do partido na cidade de Enschede, que perdeu o lugar: «Passámos a ser o Partido dos Imigrantes em vez de sermos o Partido dos Trabalhadores.»

Toma lá que já almoçaste, Boersma... Quase que apostaria que este Boersma, sendo político de topo do principal partido, seria provavelmente daqueles que passa a vida a dizer que os «nazis» são umas bestas incompetentes que têm medo que os imigrantes lhes tirem os empregos. Agora que o mesmo lhe aconteceu a ele, seria interessante saber o que teria a dizer dos «xenófobos racistas» que «temem» a concorrência alienígena...

E ainda que Boersma não fosse desses - representa seguramente o partido principal dos que criticam o receio de perder o emprego em proveito dos imigrantes. Assim, o que lhe aconteceu foi emblemático. Mas o que de qualquer modo disse é especialmente lúcido pelo tom profético que adquire: é o destino de toda a elite Esquerdista europeia, ser substituída na sua própria terra precisamente por aqueles que agora apadrinha e protege.

Feio, sem dúvida. Feio mas justo, dentro da feiúra. Ironia do Destino, Justiça Poética...

Roma não paga a traidores e o Multiculturalismo não tem ar de vir a beneficiar muitos dos seus actuais sequazes.